domingo, 15 de setembro de 2013

Padronização despadronizada

Foi-se o tempo em que cada empresa tinha a sua pintura. Os passageiros da capital identificavam as linhas muitas vezes pela pintura que o ônibus ostentava. Com a implantação do Sistema Integrado de Fortaleza (SIT-FOR), em 1992, as pinturas foram abolidas e outras três (alimentadora, circular e troncal) ocuparam o lugar das mais de 20 que antes existiam.

No início dos anos 2000 as três pinturas foram aposentadas precocemente, dando lugar para apenas um visual, a das famosas setas vermelhas e azuis, que nós conhecemos muito bem. Hoje em dia, os únicos que identificam a linha pela pintura do ônibus são os que viajam para o interior.

Estamos em 2012 e a mesma pintura predomina nos coletivos da capital - com exceção de alguns veículos, que são poucos. No atual quadro em que nos encontramos, e segundo declarações de autoridades responsáveis pelo transporte fortalezense, a atual padronização não irá pendurar as botas tão cedo.

Independente de ser uma linha alimentadora, circular ou troncal, todas possuem ônibus com a mesma pintura. Por exemplo, antes se um carro com pintura circular (laranja) apresentasse pane, por via de regra, deveria ser substituído por outro da mesma cor. Na maioria dos casos, quase que na totalidade, as empresas não dispunham de veículos de visual idêntico para substituição.

Como atualmente os ônibus são todos da mesma cor, não existe mais este tipo de problema. Convenhamos que a padronização é bom para o custo operacional da empresa.

Agora, o que dizer quando esta padronização não segue o próprio padrão que foi imposto? Não é muito raro de se ver as seguintes situações, basta dar uma volta por Fortaleza e observar:

1º caso: Ônibus com setas ou cores invertidas


No primeiro caso vemos um erro de fábrica cometido pelas carroçadoras. A imagem da direita é de um modelo que lidera o mercado e marca presença em todas as empresas de Fortaleza. Há mais de 12 anos fabricando e pintando as nossas setas, ainda comete um deslize desses? Mas, por ser a maior montadora do país, é compreensível que o alto número de pedidos não dê conta do ritmo de produção. Porém, esse problema precisa ser solucionado para que a qualidade de seus produtos não venham a cair. Ainda no 1º caso, a imagem da esquerda mostra um modelo de outra carroçadora que também tinha o mesmo problema, porém, o erro perdurou por pouco tempo. Hoje ela já aprendeu a lição.

2º caso: Ônibus com pintura desproporcional


Já o 2º caso permanece com o erro até hoje. Desde 2009, algumas empresas passaram a adquirir os modelos da carroçadora apresentada na imagem. E em todos eles as setas não chegam à altura das janelas. Já está mais do que na hora de corrigirem.

3º caso: Ônibus com pintura incompleta


O 3º caso é o mais comum de se ver. Em alguns casos, mais graves, acidentes podem ocasionar mutilações. Quando se envolve ônibus, também. Só que na pintura. Após o ocorrido, algumas empresas reformam o local avariado, mas esquecem-se, propositalmente ou não, de completar a nova chapa com a padronização do sistema. O que vemos por aí é um desfile de setas incompletas ou inexistentes.

É notório que a padronização traz um certo benefício ao empresário. Para o passageiro é tudo azul mesmo. Mas já que a padronização visual foi instituída, é necessário que as empresas e montadoras possam cumprir com o que é exigido na identificação. Existem projetos (croquis) que discriminam informações como comprimento e largura das setas e a tonalidade correta da pintura.


Não querer seguir esta pequena exigência só pode ser visto por dois ângulos: ineficiência na fiscalização por parte da ETUFOR, deixando que as empresas operadoras permaneçam descumprindo, ou falta de verba para comprar tinta por parte dos empresários. Esta última, com um ar de ironia, é muito difícil de se acreditar. Já que é para ter uma frota padronizada, que seja com organização.

(Publicado originalmente em Fortalbus.com no dia 26/03/2012)

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