(Texto publicado originalmente em Fortalbus.com no dia 19/05/2014)
Além do transporte coletivo por ônibus, táxis com passageiros também podem utilizar os corredores. Veículos particulares podem adentrar ao corredor somente para conversões à direita em ruas, residências, ou estabelecimentos comerciais. Não é permitido estacionar dentro das faixas ou percorrer além da distância estabelecida (geralmente, 100 metros), sob o risco de penalização pela fiscalização eletrônica.
Em Fortaleza, a mesma ideia foi aplicada em agosto de 2012, na Avenida Bezerra de Menezes. Em setembro do mesmo ano, foi a vez de trechos das Avenidas Tristão Gonçalves, Imperador e Duque de Caxias, além de trechos das ruas Padre Ibiapina, Pedro Pereira, Padre Mororó e Castro e Silva receberem o BRS-FOR. O projeto seguiu a experiência do BRS fluminense, mas a implantação da fiscalização eletrônica aconteceu apenas no início deste ano, somente na Bezerra.
Importante frisar que tais corredores configuram-se como preferenciais, e não exclusivos - aliás, esta última definição já foi assumida pela Prefeitura de Fortaleza como equivocada. É bem verdade que a velocidade média dos coletivos aumentou significativamente nas vias beneficiadas com o projeto (de 12 para 24 km/h, segundo dados oficiais). Entretanto, ainda existem obstáculos que impedem um verdadeiro êxito da funcionalidade destas faixas.
Um desses obstáculos são os táxis. Explico o por quê.
Mesmo que seja entendido como transporte coletivo, visto que os permissionários operam mediante concessão outorgada pelo poder público, os táxis não possuem a mesma "filosofia" que carrega o transporte de massa, como os ônibus e vans, por exemplo. O modal não é acessível, financeiramente, para todos, sem contar nos períodos de reajustes nas bandeiras. Os preços cobrados são demasiadamente elevados. É um luxo que poucos possuem. A lógica é a mesma de quem possui, ou pretende adquirir, veículos particulares: oferecer uma opção de deslocamento ao passageiro sem precisar se submeter ao estresse, sufoco e os eventuais atrasos dos coletivos.
Os táxis estão autorizados a trafegarem pelo BRS-FOR quando houver passageiros à bordo. De início, os motoristas deveriam deixar as janelas abertas para facilitar a identificação de usuários no interior do veículo através das câmeras de fiscalização. Não se sabe do real cumprimento desta norma após a instalação dos equipamentos.
Um agravante: é comum encontrar taxistas que transformam paradas de ônibus do BRS em pontos fixos. É fácil constatar esse total desrespeito no Beco da Poeira, localizado na Avenida do Imperador, e no North Shopping, situado na Bezerra de Menezes. A ausência da noção de coletividade e irresponsabilidade destes permissionários acabam por ocasionar engarrafamentos e atrasos nos coletivos que precisam fazer embarque e desembarque nestes locais, o que é inaceitável em um equipamento que propõe justamente o contrário.
Portanto, o transporte de massa deve ser encarado como o verdadeiro destinatário da implantação de corredores preferenciais ou exclusivos. Já não basta a má educação de outros motoristas, seja de veículos particulares ou do próprio sistema de transporte, que acabam prejudicando a eficiência dos equipamentos. Destaco que não se trata de um discurso desfavorável aos táxis, que é um serviço imprescindível à população. Mas, sim, de uma questão de rever as reais necessidades para que sejam estabelecidas as corretas prioridades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário